31 de agosto de 2010

Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele.

Estava decidido, iam sair. Pra maldade, da merda, qualquer coisa naquele dia, iam sair.
E se armaram com o que dispunham, ela tomava seu gole de vodka porque já não conseguia tomar fôlego, ele dava um trago em seu cigarro porque o ar que o resto respirava não tinha mais sentido; vestiram suas armaduras de belos: juventude, maquiagem, perfumes, roupas transadas; psicologicamente desequilibrados por natureza, falaram juntos: que seja doce, que haja vida, que sintamos; deram as mãos e, da mesma forma que recitaram seu mantra de proteção, inseparáveis, saltaram nesse poço escuro que despercebidos chamam de vida.


E sentiram de novo o vento da queda batendo no rosto. E sabiam que novamente iriam mergulhar no lamaçal de sentimentos.
Profundo poço, profundas dores... Mas o engraçado nesse novo salto era o sorriso no rosto de ambos. Talvez a dor que os esperavam mais uma vez seria amenizada pelas mãos dadas, pelos ombros amigos e pela acidez estomacal do dia seguinte que os fazia crer que a dor não era no peito mas sim, de fome. Saciariam-se da carne um do outro, canibais de si mesmos.


E o frio e solitário e escuro fundo do poço não chegava.
Não sentiam seus corpos batendo contra o chão e não ouviam um barulho sequer. Ainda estavam caindo.
Tinham esperanças de que dessa vez o fundo do poço não teria merda ou areia movediça, mas sim, mel. E falavam como borboletas bêbadas de mel que supunham existir. Mal sabiam eles que o mel era envenenado e as flores eram de plástico. E que o fundo do poço era sempre um jardim. Mas dessa vez, cuidariam muito bem dele...


Pois já estavam cansados de viver sempre entre o adubo, chegou a primavera. Chegaram as flores. Chegaram novos amores...













Em tardes quentes, Isabella e Eu. Nesse amor louco do nosso jeito....

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